27 de mai. de 2012

L'Illustre Molière

O cotidiano da companhia teatral capitaneada por Jean-Baptiste Poquelin, ícone da dramaturgia eternizado com o pseudônimo Molière, pode ser visto na montagem “L’Illustre Molière”, sob direção de Sandra Corveloni. Usando a metalinguagem, a diretora coloca o público como observador do processo de construção de um espetáculo. Em cena, junto ao palco, está a mesa de trabalho de Molière, onde suas criações se materializam. À vista do público, os atores nas coxias, trocando de figurino e se preparando para dar vida aos personagens. Com cenário e figurinos de Zé Henrique de Paula e direção musical de Fernanda Maia, a peça traz no elenco os atores da Cia D’Alma: Guilherme Sant’Anna, Paulo Marcos, Amanda Acosta, Angela Fernandes, Caio Salay, Lara Hassum e Mateus Monteiro.

“Nosso objetivo é mostrar o artesanato teatral. Quando o público entra, encontra um teatro barroco no palco; é um teatro dentro do teatro. As pessoas podem ver a mesa de trabalho do Molière, o baú com as roupas, a penteadeira onde os atores se arrumam e as araras com as vestimentas. Os figurinos são extremamente teatrais. Os atores começam a peça usando uma roupa de baixo de época para se vestirem no palco à medida que o espetáculo avança”, explica Sandra  Corveloni, que recebeu o prêmio de Melhor Atriz no Festival de Cannes de 2008, por sua atuação no longa “Linha de Passe”, de Walter Salles.

A dramaturgia mescla trechos das principais obras de Molière, como “O Burguês Fidalgo”, “As Eruditas”, “Don Juan” e “Tarfufo”, com histórias sobre os bastidores da criação artística da Cia L’Illustre-Théâtre, fundada em Paris, em 1643, por Molière junto com outros nove atores. A peça faz uma viagem do século XVII ao XXI para  provar que uma boa comédia nunca sai de moda: “O processo criativo, a necessidade de ensaio e de patrocínio basicamente não mudou. A principal diferença que percebemos entre esses quatro séculos é que a forte censura sofrida por Molière não existe mais nos dias atuais”.
A iluminação do espetáculo sugere o clima antigo de velas e tochas. A direção musical de Fernanda Maia traz canções vocais populares renascentistas executadas ao vivo pelos atores, que fazem um contraponto com a leveza dos diálogos do dramaturgo. Além de dirigir o espetáculo, Sandra também produz e é uma das responsáveis pelo texto. Ex-integrante do grupo TAPA, onde atuou e dirigiu durante dez anos, Corveloni fundou há dois anos a Cia D’Alma.

A atriz e diretora revela que sente-se lisonjeada em poder mostrar a vida de um dos autores mais importantes do mundo no teatro: “Criar os bastidores, mostrar a vida dos atores e do Molière fora dos palcos foi um desafio muito grande porque estamos falando de pessoas que existiram de verdade e são muito importantes na área teatral da França. Sentia como como se ele participasse dos nossos ensaios, contribuindo conosco o tempo inteiro através de suas obras”, diz Sandra.




Por Anderson Moura

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