7 de abr. de 2012

Nelson Rodrigues

Pelo estudo que temos feito na Cia, sobre a obra de Nelson Rodrigues, estamos hoje divulgando as comemorações do centenário do dramaturgo pelo ano de 2012.

A vida de Nelson Rodrigues, que completaria 100 anos em 23 de agosto desse ano, se confunde com a própria história do teatro moderno brasileiro. Figura de ponta entre os dramaturgos nacionais, revolucionou as artes cênicas no país com espetáculos como “A Mulher sem Pecado” (1941), “Vestido de Noiva” (1943), “Álbum de Família” (1946) e “Anjo Negro” (1947), que trouxeram para os palcos, de forma inédita, os dramas do cotidiano e personagem das ruas. Como não poderia deixar de ser, seu centenário contará com muitas homenagens durante todo o ano de 2012.

A data já está sendo celebrada, desde setembro do ano passado, pela diretora Christiane Jatahy, na Casa França Brasil. Com entrada franca, seu projeto ocupou diferentes espaços, com performances de dança, música, artes visuais, e teatro inspirado na obra do dramaturgo. Em fevereiro, uma performance da própria Christiane sobre “Vestido de Noiva”, fechou a série.

Uma exposição com imagens de montagens históricas das peças do autor, com inauguração prevista para a segunda quinzena de janeiro, no Teatro Glauce Rocha, é a primeira ação em função do centenário da Fundação Nacional das Artes (Funarte), do Ministério da Cultura. Além disso, estão previstos o lançamento de um edital nacional para montagens inéditas, com estreias em agosto; e a tradução para o alemão das 17 peças escritas por Nelson, que serão lançadas em 2013, na Feira do Livro de Frankfurt, quando Brasil será o país homenageado pela maior feira literária do mundo.

O Centro Cultural Banco do Brasil apresenta uma nova versão de “Vestido de Noiva”, entre 21 de março e 6 de maio. O cenário, montado na rotunda do CCBB, a cargo de Daniela Thomas, funcionará como uma exposição durante o dia. O elenco de 12 pessoas, integrantes do Circo de Estudos Dramáticos, conta com Viviane Pasmanter no papel de Madame Clecy. Além da montagem, o CCBB programou o evento “Nelson 100 Anos”, série de encontros com especialistas e admiradores das diversas habilidades e facetas rodrigueanas, com curadoria de Hermes Frederico.

A Caixa Cultural agendou para agosto a estreia da peça “Valsa” no Teatro Nelson Rodrigues. Livremente inspirado na obra “Valsa nº6”, o espetáculo contará com animação de bonecos e projeções de animação, feita pela companhia Teatro Portátil. O diretor, Alexandre Boccanera, estudioso da obra de Nelson, enxerga qualidades únicas no texto: “A ‘Valsa’ difere um pouco pelo formato poético, é quase um poema dramático. Embora tenha sido elaborado como monólogo, foge ao modelo tradicional do gênero, em que o protagonista conversa com a plateia. Mas não diria que chega a ser experimental, porque toda a obra dele carrega a marca da inquietude”. Boccanera também deve ministrar oficinas que pretendem mergulhar na produção teatral rodrigueana, comparando montagens, estudando leituras e depoimentos de atores e encenadores do autor.

Com o apoio da Secretaria de Cultura do estado, entre outras ações, os espetáculos “Anjo Negro” e “Viúva, Porém Honesta” ocuparão o Centro Cultural de Santa Cruz; a exposição "Cem Vezes Nelson” vai percorrer bibliotecas públicas e comunitárias; e o site oficial do dramaturgo – mantido por Sônia Rodrigues, sua filha – receberá materiais inéditas, jogos interativos, tradução para inglês, espanhol, e mandarim, além de vídeos com depoimentos de pessoas que conviveram com ele. “O material que está sendo preparado vai surpreender muita gente. Como ele foi escritor de jornal, tem muita coisa espalhada, e há um esforço familiar de buscar tudo isso. Há pelo menos 100 Nelsons, de mil faces, que a gente precisa juntar”, diz Sônia.

Indicada ao Prêmio Shell 2011, uma edição especial da revista Folhetim, do grupo Teatro do Pequeno Gesto, traz um dossiê inédito com 60 anos de críticas sobre montagens de Nelson Rodrigues. Entre estas e outras produções, ao que tudo indica, não haverá ano mais rodrigueano do que 2012, e talvez possamos desmentir o mestre, que pregava: “Não há nada mais relapso do que a memória. Atrevo-me mesmo a dizer que a memória é uma vigarista, uma emérita falsificadora de fatos e de figuras”. 

Fonte: Globo Teatro

Por Lara Paes

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