11 de out. de 2008

Seduzidos pelo teatro > Monitor Campista 10/10/2008


Eles saíram de Campos para seguir o sonho dos palcos; conheça a trajetória de quatro campistas que vêm se destacando nas capitais

Não é só a música que deixa a cidade de Campos em destaque no cenário cultural brasileiro. O meio cênico também está bem representado. Cada vez mais, jovens atores começam na planície a sua caminhada e seguem para as capitais, buscando uma maior qualificação e melhores oportunidades nos palcos. É o caso de Pedro Lincoln, 23 anos, Sunshine Pessanha, 25, Tamires Nascimento, 20, e Rodolfo Mesquita, 34 — só para citar alguns exemplos. Cada um tem uma história diferente, mas que se cruza quando o assunto é o palco.

Nascida em berço teatral (ela é filha da atriz Tania Pessanha), Sunshine Pessanha sempre quis ser artista.

— Na escola, fugia dos campeonatos e de qualquer competição esportiva, mas na hora das peças eu queria ser a primeira da fila. Não consigo precisar o momento certo em que comecei a me interessar por teatro. Sabe como é, filho de peixe... E no meu caso não só filha, mas sobrinha, prima, irmã... — diz Sunshine, salientando o que o palco representa para ela:

— Tudo na minha vida acaba girando em torno do teatro. Isso pode parecer um pouco, ou muito obsessivo, mas ainda não consegui descobrir outra relação possível com o palco. Realmente o teatro é o lugar em que eu mais me encontro comigo mesma, onde estou mais confortável, onde me sinto plena. Seja ocupando a função que for: no palco, no bastidor, na platéia, na cabine ou no camarim, não importa. É onde eu encontro a minha paz. É o meu lar — comenta.

Já o ator Pedro Lincoln só percebeu isso depois de adulto, mais precisamente quando estava em Belo Horizonte, atuando como professor de música na ONG Meart, com a qual viajou o Brasil inteiro (indo também ao Uruguai). Na ONG ele começou a fazer oficina de teatro, mas foi no ano passado, já morando em Campos, que ele tomou a decisão que mudou a sua vida.

— Voltei para cá, tentei fazer alguns trabalhos ligados à arte, mas não consegui. Aí, uma amiga minha de Salvador me incentivou a ir para o Rio de Janeiro; entrei em contato com o Teatro Tablado por e-mail (é difícil entrar lá!) e escolhi fazer o curso livre de improvisação — recorda o rapaz que não se arrepende.

— O Tablado é maravilhoso! É para toda a vida! E estar lá dentro, em um lugar histórico aonde vários artistas conceituados passaram, atuaram, estudaram... eu me sinto honrado de poder conviver e estudar com pessoas que eu via pela TV e admirava e que hoje fazem parte do meu grupo de amizade, convívio e até mesmo de trabalho — afirma.

Já Tamires Nascimento tem um começo parecido com o de Sunshine.

— Não sei precisar exatamente quando comecei a me interessar por teatro, mas foi na escola, com 11, 12 anos — conta a atriz que queria ser Chiquitita quando era criança.

— Aos 14 anos, entrei na Cia. de Arte Persona, me formei lá e fiquei cada vez mais apaixonada — comenta a moça que foi estudar no Rio há pouco mais de um ano.

Tamires cursa Interpretação na UniRio e está confiante na profissão que escolheu, o caminho que escolheu para trilhar.

— Estou gostando muito desta nova experiência, é um universo completamente diferente, aqui conheci pessoas talentosas... É uma carreira dificílima, um esforço grande largar o conforto do seu lar, mas está valendo a pena, pois eu não sei fazer outra coisa — ressalta.

Formada em direção teatral (pela UFRJ) e concluindo o curso de Artes Cênicas (UniRio), Sunshine está sempre vindo a Campos, aonde dá aulas para o núcleo de pesquisa da Persona (onde também ingressou no teatro). Paralelo a isso, ela está dirigindo o espetáculo ‘Senhora dos Afogados’.

A campista tem conseguido se classificar em todos os festivais em que se inscreve e tem sido sempre indicada para prêmio de direção. ‘Senhora dos Afogados’ recebeu os prêmios de melhor espetáculo, direção, música inédita, atriz, atriz coadjuvante, ator coadjuvante e figurino — tudo isso no Festival de Macaé, realizado no mês passado.

— Esse prêmio é o reconhecimento do nosso trabalho e, por isso é muito importante. Por outro lado, penso que ganhar um festival é maravilhoso, mas significa que naquele momento, para aqueles jurados a nossa montagem se destacou como a melhor. Num júri diferente, talvez o resultado fosse diferente. É sim maravilhoso, mas é “somente” um prêmio. É razão para comemoração, mas não para deslumbramento. Minha estrada é longa e eu estou ainda no princípio do percurso. Esse prêmio significa que estou no caminho certo — comenta.

Tamires continua fazendo parte das montagens da Persona e está no elenco de ‘Senhoras dos Afogados’ — montagem que lhe rendeu dois prêmios: melhor atriz (no Festival de Rio das Ostras) e melhor atriz coadjuvante (no Festival de Macaé).

— Este é o primeiro espetáculo que faço aqui no Rio e esses prêmios são os primeiros de minha carreira. Essa peça me deu uma alegria muito grande, pois quebrou tudo que eu estava acostumada a fazer. Foi um desafio! — diz a campista, que está no elenco do musical ‘Calabar, o elogio da traição’, que será montado no final do ano na UniRio.

Embora tenha pouco tempo no Tablado, Pedro também tem trabalhado muito. Já participou de três montagens em homenagem ao autor Domingos de Oliveira. A última foi ‘Guerreiras do amor’, comédia erótica que teve na platéia o próprio homenageado.

— Foi uma emoção muito forte. Estar ali se apresentando e vê-lo olhar para a gente...”, comenta Pedro, que chegou a aparecer na TV, no seriado ‘Casos e Acasos’ e na novela ‘Amor e Intrigas’, mas resolveu se dedicar ao teatro. — Aí, quando pintar outra oportunidade eu estarei mais pronto — planeja o artista.

TALENTO
Outro campista que vem dando o que falar na Cidade Maravilhosa é Rodolfo Mesquita. Formado em Interpretação Teatral pela UniRio, em 1999, ele reside no Rio há 14 anos, tendo mostrado seu talento em espetáculos como: ‘O homem que viu o disco voador’ (contracenando com Paulo Betti), ‘Don Juan’, ‘Lichtenberg: Um corte transversal’, ‘Baunilha e Trioleto’, ‘Que mistérios tem Clarice’, ‘Uma última cena para Lorca’, ‘Boca de Ouro’, entre outros trabalhos.

O ator esteve nos palcos até o mês de agosto com ‘Morrer ou não’, do autor Sergi Belbel, com direção de Delson Antunes. Ele conta como foi esse trabalho, que traz um mosaico de histórias interligadas, mas de uma maneira intrínseca.

— A peça fala de como um simples gesto, uma palavra, pode salvar, ou não, a vida de um ser humano. São histórias que, à primeira vista, parecem não ter nenhuma ligação, mas estão intrinsecamente ligadas — comenta o ator, que não esconde o desejo de apresentar esse espetáculo aos seus conterrâneos.

— Adoraria me apresentar com essa peça aí em Campos, no Trianon. Quem sabe? — confessa Rodolfo, que trouxe à sua terra natal, no ano passado, o monólogo ‘A Sônia é que é feliz’, no qual interpretou o operador de telemarketing Alfredo Luiz.

O ator conta que também tem um projeto de uma peça, na verdade, um outro monólogo, dessa vez baseado na obra de Campos de Carvalho, para 2009.

— Fiz um curta que está em fase de finalização, com direção de Rodrigo Guéron, intitulado ‘Estou bem, cada vez melhor’. É uma sátira aos inúmeros livros, programas e outras coisas que surgem sobre auto-ajuda. Tudo se passa numa inusitada entrevista de emprego. Por enquanto é isso — antecipa.

Um comentário:

Anônimo disse...

Nossa !!!
Haja coragem adoro arte mas naum sei s teria tanta força de vontade!
Amor ao proxímo é sempre o remédio de tudo!
boa sorte!
SiGam com fé em Deus sempre!