16 de nov. de 2008

Do Jeitinho que vovó contava > Monitor Campista 13/11/2008

Histórias cheias de humor estão na novo trabalho que a Cia. Persona estreia no Trianon

Carla Cardoso

É muito difícil ter coisa melhor do que colo de vó e boas lembranças da infância... E é apropriando-se disso que a Cia. de Arte Persona – que em março do ano que vem completa 12 anos de existência – apresenta, neste fim de semana, o espetáculo infanto-juvenil ‘Minha vó contou’, que reúne sete histórias contadas numa linguagem diferente. Música e linguagem corporal fazem parte da montagem encenada por mais de 70 atores da companhia-escola, já conhecida por apresentar um novo espetáculo todo final de ano, finalizando os trabalhos desenvolvidos pelos alunos durante o ano.

— Nós resolvemos desde o fim do ano passado que iríamos eleger o ano de 2008 como o ano do teatro infantil da Persona. Começamos uma pesquisa direcionada para literatura e dramaturgia para crianças e surgiu o ‘De Fuxicos e Retalhos’, que apresentamos em agosto. Quanto mais a gente pesquisava, mais juntava material infantil. Isso fez com que fechássemos a idéia de que o encerramento seria com essa linguagem teatral — explica Tânia Pessanha, diretora da Companhia.

Além da atuação, os alunos participam também da produção do trabalho, que é apresentado em diversas linguagens. “No encerramento contamos com os alunos, desde os mais recentes aos formados, então, temos todos os níveis de experiência entre os atores. Temos na peça um pequeno Auto de Natal, linguagem de contação de histórias, e muita comédia. Os alunos
participam também da pesquisa musical, iluminação, cenografia, figurino e toda produção e montagem”, acrescenta.

Apesar de ser um emaranhado de histórias essencialmente infantis, a montagem que homenageia as avós promete agradar a todas as idades. Com 72 atores/bailarinos/cantores (muitos ainda alunos do curso, outros já com registro profissional e membros do Núcleo de Pesquisa da Cia. ou atuando no Rio de Janeiro), a Persona reuniu divertidas histórias infantis na comédia.
— O núcleo especial de pesquisa cuidou do Auto de Natal e de uma versão bem moderna de Chapeuzinho Vermelho. Eles também assessoram na montagem dos outros quadros — conta.

A peça vai estrear no fim de semana, sábado e domingo, 15 e 16, no Trianon, mas vai retornar aos palcos no ano que vem. No entanto, segundo explica Tânia, nada impede que os quadros sejam montados em outros lugares também.

— Estamos com planos de montar o Auto de Natal em shoppings e em outros espaços. Para esse quadro, contamos com umas 35 pessoas. A gente já fez um trabalho semelhante em 1998, que percorreu orfanatos e asilos. Este ano também temos o desejo de fazer isso. Vamos estrear primeiro e ver o que vai dar — completa Tânia, ressaltando que a idéia é manter os quadros separadamente. “Isso facilita para que possamos levar a outros lugares”, observa.

As inscrições para a Companhia Escola já estão abertas e, segundo a diretora, a procura aumenta a cada ano. “Cada vez mais recebemos, tanto crianças quanto adolescentes que têm o desejo de experimentar o teatro, como indicações para terapia”, diz.

A MONTAGEM
A sinopse apresenta uma avó paciente e engraçada, que adora contar histórias para seu neto, Pedrinho, escutando todas as suas perguntas, suas dúvidas e medos, percebendo o aconchego que uma história traz entre um adulto e uma criança. Em ‘Lúcia já vou indo’, a vó conta a história da menina que andava devagar, falava devagar, chorava e ria mais devagar ainda. Muito natural, pois ela não era um ser humano e sim, uma lesma. A coitada chegava atrasada a todas as festas, que era convidada, o que a fazia muito infeliz. Até que um dia, suas amigas libélulas resolveram fazer uma festa em sua própria casa, para que ela não se atrasasse e pudesse aproveitar desde o início. Também do mundo da fantasia tem a história de ‘O Caracol’, que fala sobre um pequeno e invejoso caracol que vive a lamentar sua sorte por não ter várias características de outros bichinhos. Até que percebe que ele também tem atributos, uma vez que tem uma ótima casa, que o protege da chuva, enquanto os outros têm que procurar abrigo. Em ‘Se essa rua fosse minha’, um grupo de crianças brinca na rua e cria uma rua imaginária e ideal: “Se essa rua fosse minha, não mandava ladrilhar. Não deixava botar pedras, não deixava asfaltar...”. Sonham com uma rua calma, tranqüila, onde poderiam brincar em meio a árvores e flores. Uma velhota muito alegre e irreverente é a personagem de ‘A Velhota Cambalhota’. Ela escolheu morar num velho trem e lá, vive rindo de tudo e de todos, dando cambalhotas, mostrando a todo mundo que a velhice não precisa ser mal-humorada ou amargurada, mas pode ter uma alegria reinventada.
‘A Mariposa e a Estrela’ conta a história do louco amor de uma mariposa por uma estrela. Por causa dessa paixão, a borboleta passou a voar cada vez mais alto para alcançar a estrela amada e acabou descobrindo lindas paisagens com seus vôos. Em ‘Minhas Férias’, a professora de Guilherme – no primeiro dia de aula – pede para que a turma faça uma redação sobre as férias, causando grande tensão, pois: como passar para uma redação de 30 linhas todas as emoções?
Na tradicional ‘Chapeuzinho Vermelho’, uma roupagem diferente dá o tom da história. Chapeuzinho, uma adolescente muito esperta e informada vai à casa de sua avó, que não está doente, apenas para fazer uma visitinha. No caminho, se encontra com o lobo, de quem não tem medo. Ao contrário, ela o enfrenta com muita coragem e decisão. Num clima de humor, Chapeuzinho dá um outro final à famosa história. Um Auto de Natal é o que podemos conferir na história ‘Em Belém’. A graciosa avó conta a história do nascimento de Jesus Cristo
vista sob a ótica de três bois e três burros, que viviam no estábulo escolhido por Maria para ter o seu filho. Um lindo Auto de Natal, com pastores, reis magos, anjos e muita música natalina.

MINHA VÓ CONTOU
Dias 15 e 16, às 19h
Local: Teatro Municipal Trianon - Rua Marechal Floriano, 211, Centro
Ingressos: R$ 10 e R$ 5, antecipados na sede da Cia. - Rua Carlos de Lacerda, 249. A partir de sexta na bilheteria do teatro

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