25 de abr. de 2012

Lázaro Ramos estreia como diretor de teatro com enredo surreal


Em 2016, todas as pessoas com “melanina acentuada” são obrigadas a saírem do Brasil e voltarem para a África, seu “país de origem”. A medida governamental absurda é o mote de Namíbia, não!, peça de estreia de Lázaro Ramos como diretor nos palcos e que volta para a agenda cultural, agora no Teatro Glauce Rocha, no Rio de Janeiro.

O texto de Aldri Anunciação, responsável também por interpretar um advogado bem-sucedido, explora o tema racismo em uma comédia dramática com ironia já no cenário. Em uma sala completamente branca, só com objetos brancos, ele e seu primo André (Flávio Bauraqui), estudante de Direito, estabelecem reflexões sobre a identidade e o convívio racial na sociedade.

Naquele ano, o governo brasileiro decidiu enviar de volta para a África todos os afro-descendentes como uma maneira de reparar os anos de escravidão de seus antepassados. Enquanto tentam se esconder dos policiais que querem levá-los para a Namíbia, os dois fazem graça da situação em interpretações espelhadas no trabalho de Lázaro Ramos na televisão e no cinema.

Com conteúdo crítico, a peça não consegue, porém, manter o equilíbrio e ganha um tom próximo ao panfletário. O relato, por exemplo, de dados estatísticos históricos do descaso contra os negros traz a tona um realismo que diminuiu a força do enredo surreal, o ponto forte da proposta de Namíbia, não!.


Por Hugo Gandra.

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