20 de mai. de 2012

Il Viaggio – Inspirada em Roteiro de Fellini

"A única preocupação permitida ao homem é de não se preocupar", diz a aeromoça ao violoncelista Giuseppe Mastorna em cena da peça "Il Viaggio". E tudo que o tal violoncelista faz em cena, e na vida, é burlar seu próprio direito, preocupando-se quase à exaustão com seu destino.

Destino esse que já começa desviado na primeira cena, quando o avião que o levava para um concerto em Firenze é forçado a fazer um pouso de emergência em uma cidade desconhecida. Pode ser uma cidade real, pode ser um sonho, pode ser a morte. E assim começa a viagem de Mastorna por esse universo de sonho e pesadelo, em que vida e morte confundem as certezas dele, que queria ser um grande compositor, mas tornou-se cidadão comum.

Livre adaptação do roteiro inédito de Federico Fellini, "Il Viaggio di G. Mastorna", concebido por Helena Cerello e dirigido por Pedro Granato, em clima onírico, transporta a plateia ao universo felliniano. "A referência a Fellini é claríssima. Fomos fiéis à essência do roteiro, que ele começou a filmar nos anos 60 com Marcello Mastroianni, mas nunca concluiu", explica Marcelo Rubens Paiva.

Convidado pela atriz e produtora Helena Cerello a adaptar o texto para o teatro, Rubens Paiva conta que, apesar de ter incluído várias cenas, situações e diálogos, manteve a estrutura principal proposta pelo diretor italiano. "Priorizamos a jornada do músico que desejava ser grande compositor, e se distanciou desse ideal com o passar dos anos."

Mastorna transformou-se num sujeito comum. Ou quase. Em sua vontade de ser ''normal'', o músico se torna ridículo. E frustrado. Pois ao realizar sua viagem interna, descobre memórias que o fazem rever a vida e questionar se o universo caótico em que se encontra é a tão almejada vida eterna.

Para criar o universo de sonhos, pesadelos e de comicidade - humor nonsense, e circense, bem ao gosto de Fellini -, o diretor Granato e equipe optaram por soluções criativas. O desafio de levar ao palco a história inicialmente pensada para o cinema fez com que elementos cênicos como um avião vire portaria de um hotel, uma cama, uma casa... "Não tivemos de abrir mão das ideias do texto para dar a ele uma linguagem teatral.

Assumimos que o avião se desmembra. A partir desse cenário, vão se construindo os espaços citados no roteiro", explica Granato. "Do desastre em diante, tudo se cria para aguçar a imaginação." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


Por Anderson Moura




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